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Alimento impresso: O que é?

Impressão 3D sobremesa francesa gelée [Fonte: Bioedtech]
Impressão 3D sobremesa francesa geleé [Fonte: Bioedtech]

A impressão 3D de alimentos é uma tecnologia de fabricação em que os alimentos são preparados e modelados em formas tridimensionais, através de impressoras 3D especializadas. Na impressão 3D de alimentos, é possível construir o alimento final camada por camada, a partir de uma mistura contínua de ingredientes (a qual denominamos de pastas alimentícias ou matriz alimentícia).

Por meio da impressão 3D, é possível criar formas alimentares complexas e altamente personalizadas, que seriam muito difíceis ou impossíveis de fazer com os métodos tradicionais. Isso abre novas possibilidades para a inovação culinária, experiências gastronômicas personalizadas e alimentos nutricionalmente otimizados, projetados para necessidades dietéticas individuais.

Conforme a tecnologia amadurece, espera-se que a impressão 3D transforme - para melhor - nossa relação com o preparo e consumo de alimentos. A impressão 3D de alimentos é uma tecnologia que teve suas origens no início dos anos 2000, quando pesquisadores começaram a explorar o uso de impressoras 3D para a produção de alimentos.

Os primeiros experimentos aconteceram na Universidade Cornell, nos Estados Unidos, onde o Dr. Jeffrey Lipton desenvolveu um protótipo de impressora 3D capaz de imprimir queijo cremoso. Em 2007, a Universidade do Sul da California também construiu uma impressora 3D para produzir guloseimas personalizadas.

No entanto, foi em 2014 que a tecnologia realmente decolou, quando a empresa 3D Systems lançou a primeira impressora 3D (comercial) capaz de imprimir açúcares com diferentes sabores, a ChefJet. Nesse mesmo ano, a NASA financiou um projeto para desenvolver uma impressora 3D capaz de produzir pizzas nutritivas para astronautas, durante missões espaciais longas. Mais tarde, essa Spin-off, chamada BeeHex, também investiu na impressão personalizada de bolos comemorativos (assista ao vídeo abaixo).



Desde então, grandes empresas como a Nestlé, a Barilla (spin-off Blurhapsody) e a Hershey's também passaram a investir na tecnologia. Em 2018, a empresa Natural Machines lançou a Foodini, uma impressora doméstica de manuseio facilitado, porém pouco acessível para o consumidor comum, custando em torno de U$16.000,00 ou R$79.256,00.


Hoje, a impressão 3D de alimentos está se tornando cada vez mais popular e acessível. Startups e empresas ao redor do mundo trabalham para aprimorar a tecnologia e expandir suas aplicações na indústria alimentícia, gastronomia e nutrição. No Brasil, a Bioedtech é pioneira e líder no uso e desenvolvimento da tecnologia e impressão 3D para a área alimentícia. Com máquinas de fácil operabilidade, esterelização e portáteis, é uma startup 100% brasileira que desponta nesse setor, trazendo inúmeras inovações para a sociedade brasileira.


Purê de batata que quando aquecido se transforma em batata frita, sem adição de óleo ou conservantes. [Fonte: Bioedtech]
Purê de batata que quando aquecido se transforma em batata frita, sem adição de óleo ou conservantes. [Fonte: Bioedtech]


Etapas da Impressão 3D de alimentos

A impressão 3D de alimentos envolve algumas etapas a fim de produzir alimentos tridimensionais. O processo começa com a criação de um modelo 3D digital do alimento desejado, utilizando softwares de modelagem 3D. Este modelo fornece as instruções e as dimensões exatas que a impressora 3D deve seguir.


Principais etapas da Impressão 3D de alimentos [Fonte:Bioedtech]
Principais etapas da Impressão 3D de alimentos [Fonte:Bioedtech]

Nesta etapa, conseguimos controlar parâmetros como altura de camada, percentual de preenchimento, velocidade da deposição e tudo isso irá influenciar na textura final e/ou na degradabilidade do alimento impresso. Isso porque, quanto mais poros (espaços vazios) tiver no alimento impresso, provavelmente, mais fácil (e rápido) será mastigá-lo!


Em seguida, os ingredientes alimentícios são escolhidos e precisam ser preparados na forma de uma pasta maleável que será depositada pela impressora. Frutas, legumes, carnes e outros alimentos são triturados e misturados para criar a “tinta comestível”. São adicionados espessantes naturais ou artificiais para conferir a pasta a viscosidade ideal para a extrusão.


Ao prepararmos estes ingredientes, o chamamos de pasta ou matriz alimentícia. Aqui, a imaginação é o limite, praticamente todos os ingredientes podem ser considerados e utilizados nesta etapa! No entanto, a única cautela que é preciso ter (quando estamos falando de impressão por extrusão) é a consistência (i.e., reologia) desta pasta. Ela precisa ser similar a um purê de batata ou até mesmo doce de leite, para que a mesma possa passar pelo bico da seringa e ser dispensada sem entupir/interromper o processo de impressão 3D.


A pasta alimentícia é então carregada para uma seringa, que fica acoplada a impressora 3D. A impressora é programada com as instruções do modelo 3D e inicia o processo de impressão, depositando a pasta camada por camada, de acordo com o desenho e os parâmetros setados.


Depois de finalizado, o alimento impresso pode ainda passar por processamentos adicionais (pós processamento) como cocção, resfriamento ou adição de outros ingredientes antes de estar pronto para o consumo.


A precisão do modelo 3D, a formulação adequada da pasta alimentícia e os movimentos controlados da impressora são cruciais para a obtenção de um alimento impresso com a forma, textura e sabor desejados.

Quais ingredientes são mais utilizados?

Impressão 3D de chocolate reduzido em carboidratos, sem adição de conservantes e/ou gorduras demasiadas [ Fonte: Bioedtech]
Impressão 3D de chocolate reduzido em carboidratos, sem adição de conservantes e/ou gorduras demasiadas [ Fonte: Bioedtech]

A impressão 3D de alimentos utiliza uma variedade de ingredientes (comestíveis!) para criar alimentos/pratos finais em 3D. E não pessoal, não é um alimento ultraprocessado ou cheio de conservantes!!

Os principais materiais usados incluem:

  • Pastas e purês - Ingredientes como frutas, legumes, chocolate e queijo podem ser processados em forma de pastas ou purês, para uso na impressão 3D. Eles fornecem cor, sabor, valor nutricional e propriedades estruturais. Pastas de frutas como manga, banana e morango são populares.

  • Farinhas - Farinhas de trigo, arroz e outros grãos são excelentes materiais estruturais e podem ser usadas para modificar a textura. Amidos como amido de milho e batata também são utilizados.

  • Açúcares - O açúcar ajuda a ligar os ingredientes, dá sabor, textura e atua como agente umectante. Açúcares comuns incluem sacarose, glicose e frutose.

  • Gorduras - Óleos, manteigas e gorduras como a manteiga de cacau conferem sabor e textura cremosa aos alimentos impressos. Elas são cruciais para a sensação na boca.

  • Proteínas - Proteínas em pó, como soro de leite e proteína de soja texturizada, ervilha e grão de bico podem ser usadas para simular texturas como a da carne. Além de serem excelentes fontes proteicas.

  • Emulsificantes - Ingredientes como lecitina e goma xantana ajudam a emulsionar e estabilizar as misturas de impressão 3D.

  • Corantes - Para obter cores vibrantes, corantes naturais podem ser adicionados as pastas de impressão 3D.


A escolha dos ingredientes está diretamente relacionada com as características do alimento final desejado. Se quisermos mimetizar uma carne animal, utilizando ingredientes a base de plantas, por exemplo, temos que considerar igredientes como proteínas & gorduras (principalmente).

Do que é feita uma impressora 3D de alimentos convencional (extrusão)?


As impressoras 3D de alimentos contam com os seguintes componentes principais:

  • Bicos extrudores/ ponteiras: Definem o diâmetro do material extrudado;

  • Mesa: Onde o alimento é construído camada por camada;

  • Estrutura e eixos: Fornecem suporte e movimento controlado;

  • Software: Converte o modelo 3D em instruções para que a impressão ocorra;

  • Seringas: Contêm a pasta alimentícia.


Bioimpressora desenvolvida pela Bioedtech, imprimindo macarrão integral [Fonte: Bioedtech]
Bioimpressora desenvolvida pela Bioedtech, imprimindo macarrão integral [Fonte: Bioedtech]

Bioimpressora desenvolvida pela Bioedtech, imprimindo macarrão integral [Fonte: Bioedtech]

Aplicações: Onde esta tecnologia está sendo aplicada?


A impressão 3D de alimentos já está sendo aplicada em vários setores, principalmente:

Culinária profissional - Chefs utilizam a tecnologia para criar pratos originais e visualmente impactantes, que seriam muito difíceis ou impossíveis de serem feitos com as técnicas tradicionais. Por exemplo, a impressão 3D permite criar estruturas muito intricadas e com camadas de diferentes cores e texturas.


Culinária doméstica - As impressoras 3D domésticas estão se tornando mais acessíveis, permitindo que cozinheiros amadores também explorem novas possibilidades gastronômicas em suas próprias cozinhas. É possível personalizar refeições para atender necessidades específicas, como restrições alimentares.


Pesquisa em alimentos - Laboratórios e centros de pesquisa utilizam a impressão 3D para desenvolver e testar novos alimentos, combinações de ingredientes e técnicas culinárias de forma rápida e precisa. Isso acelera o processo de inovação.


Nutrição personalizada - No futuro, a expectativa é produzir alimentos personalizados com base no perfil nutricional e preferências de cada indivíduo. Isso pode ajudar na prevenção e tratamento de doenças.


Alimentação espacial - A impressão 3D é vista como uma solução promissora para produzir alimentos nutritivos e apelativos para consumo no espaço, em estações espaciais e possíveis assentamentos extraterrestres.consumo Já temos pesquisas nessas áreas, a startup israelense Aleph Farms, esta despontando nesse setor, com o projeto Aleph Zero.


Necessidades alimentares específicas - Para pessoas com dificuldades de mastigação e deglutição ou com alta seletividade alimentar, a impressão 3D pode personalizar a textura e forma dos alimentos para tornar a alimentação mais segura e prazerosa.


Benefícios da Impressão 3D de Alimentos

A impressão 3D de alimentos apresenta vários benefícios potenciais, tanto para os consumidores quanto para a indústria alimentícia e o meio ambiente.



Impressão 3D sustentável e saudável [Fonte: foodini]


Uma das principais vantagens da impressão 3D de alimentos é a capacidade de customização. As impressoras 3D permitem que os alimentos sejam personalizados de acordo com as necessidades nutricionais, preferências de sabor e textura de cada indivíduo. Isso é especialmente benéfico para pessoas com restrições alimentares ou necessidades nutricionais específicas, como idosos, crianças e pacientes em tratamentos médicos.

A impressão 3D de alimentos tem o potencial de reduzir significativamente o desperdício, pois os alimentos são produzidos sob demanda e em quantidades personalizadas. Isso evita o descarte de comida preparada em excesso em restaurantes e serviços de buffet. Além disso, impressoras 3D domésticas permitem imprimir apenas a quantidade desejada de cada refeição, reduzindo o desperdício residencial.


Ao reduzir o desperdício de alimentos e permitir a personalização da produção, a impressão 3D de alimentos promove práticas mais sustentáveis. Menos desperdício significa menos emissões de gases de efeito estufa e menos pressão sobre recursos naturais como terra e água. A tecnologia também facilita o uso de ingredientes locais e sazonais, reduzindo a necessidade de transporte e armazenamento.


Principais desafios da Impressão 3D de alimentos



A impressão 3D de alimentos ainda enfrenta alguns desafios antes de se tornar amplamente adotada e acessível. Três dos principais desafios são; os custos, a regulamentação e a aceitação do consumidor.


Observando o cenário internacional, as impressoras 3D de alimentos e os materiais para impressão ainda são relativamente caros. Isso limita o uso da tecnologia principalmente a restaurantes de alta gastronomia e centros de pesquisa. Para que a impressão 3D de alimentos se popularize, os custos de equipamentos e materiais precisam diminuir significativamente.


No Brasil, a Bioedtech detém o pioneirismo em P&D, produtos e máquinas para a impressão 3D de alimentos, com soluções economicamente mais viáveis, quando comparado com o cenário internacional.


Como toda nova tecnologia alimentar, a impressão 3D de alimentos precisa passar por rigorosos processos de aprovação e regulamentação sanitária antes de poder ser amplamente adotada. Isso envolve garantir que os alimentos impressos sejam seguros para consumo humano. As agências regulatórias em diversos países estão desenvolvendo diretrizes e padrões para regulamentar esta tecnologia.

Ainda há certo ceticismo e desconfiança por parte dos consumidores em relação a impressão 3D de alimentos, gerando uma barreira de aceitação. Muitas pessoas consideram a tecnologia "artificial" e estão receosas quanto a segurança e qualidade dos alimentos impressos. Para maior aceitação, será preciso investir em marketing, demonstrações e degustações, provando os benefícios desta tecnologia disruptiva. Conforme os consumidores experimentem e se familiarizem com os alimentos impressos em 3D, a tendência é que a aceitação aumente.


Perspectivas no campo

"A impressão 3D de alimentos transcende a mera criação de formas inovadoras, abrindo caminho para uma revolução na gastronomia com impactos na nutrição, sustentabilidade e personalização da experiência alimentar."



Especialistas preveem que a impressão 3D de alimentos será adotada em larga escala nos próximos 5-10 anos. Isso será impulsionado por avanços tecnológicos que tornarão as impressoras mais acessíveis, rápidas e capazes de produzir em grande volume. A customização em massa de alimentos deverá se tornar uma realidade.


A impressão 3D de alimentos encontrará novas aplicações, como na área espacial para produção de alimentos em naves e estações espaciais, permitindo missões de longo prazo. Também poderá ser usada em zonas de desastre para entregar alimentos nutritivos de forma rápida e precisa. Outros usos incluem hospitalares para preparar refeições sob demanda que atendam necessidades específicas de pacientes.


Haverá um foco maior em alimentos funcionais, ou seja, alimentos que fornecem benefícios a saúde, fabricados sob medida por impressão 3D. Isso permitirá desenvolver nutrientes, vitaminas, minerais e compostos bioativos que atendem necessidades individuais.


A capacidade de impressão 3D sob demanda reduzirá desperdícios e melhorará a sustentabilidade da produção alimentar. Isso também possibilitará descentralizar a produção, fabricando alimentos mais perto dos locais de consumo.


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