Nos últimos anos, o termo “ultraprocessado” tornou-se sinônimo de “não saudável”. O sistema NOVA, que agrupa produtos com múltiplas etapas industriais e aditivos, popularizou essa categoria. Porém, generalizar todo ultraprocessado como prejudicial nem sempre reflete sua real qualidade nutricional ou impacto na saúde.
Paralelamente, a impressão 3D de alimentos levanta questões como: Seria essa tecnologia um grau ainda maior de ultra processamento? E até que ponto faz sentido demonizar todo processo industrial sem avaliar sua composição final?
O Que Define um Alimento Ultraprocessado?
De forma geral, alimentos ultraprocessados são aqueles que passam por diversas etapas de processamento, com uso de ingredientes como aromatizantes, estabilizantes e adoçantes artificiais. No entanto, a presença de aditivos não implica, necessariamente, em algo nocivo. O fundamental é avaliar o teor de açúcar, sódio e gorduras, o tipo de gordura utilizada, o rótulo nutricional e as porções.
Segundo dados da ABIA e do IBGE, cada brasileiro consome em média 30,07 kg de açúcar por ano, e mais da metade (56,3%) provém do açúcar adicionado em preparos domésticos.
Diante disso, cabe questionar: o problema está no número de etapas de processamento ou na quantidade consumida e na composição nutricional de cada produto?
Para amenizar esse quadro, a indústria já investe em redução de açúcar, sódio e gordura nas formulações, além de diminuir o tamanho das porções, iniciativas que podem contribuir para melhorar a qualidade da dieta. (Figura 1).

Quando pensamos em impressão 3D de alimentos, costuma-se argumentar que ela elevaria o grau de processamento. Entretanto, o simples fato de imprimir não determina a qualidade nutricional.
Em poucas palavras, a impressão 3D deposita “tintas” comestíveis em camadas, criando produtos com diferentes texturas e formatos; para mais detalhes técnicos, consulte nossos artigos exclusivos no blog. Nesse sentido, o que torna um alimento mais ou menos saudável é a receita utilizada, e não o processo em si. Um exemplo comparativo é a receita de cookie caseiro (muitas vezes com excesso de manteiga e açúcar), em relação a um cookie industrializado reformulado, com menos gordura saturada e açúcares (Figura 2).
Nem sempre o caseiro vence na questão nutricional. O mesmo vale para produtos impressos em 3D: tudo depende dos ingredientes e proporções utilizadas.

O Verdadeiro Problema: O que Deixamos de Comer!
Segundo o relatório The True Price of External Health Effects from Food Consumption, o maior impacto nas doenças crônicas relaciona-se à falta de alimentos ricos em nutrientes essenciais, como a baixa ingestão de frutas, legumes e verduras, ômega 3 e fibras, por exemplo. Em outras palavras, o que deixamos de ingerir tende a ser mais prejudicial do que o que ocasionalmente consumimos em excesso.

Nesse contexto, o medo exagerado de alimentos processados, junto da ideia de que tudo que vem da indústria é ruim, pode ser prejudicial. E se uma tecnologia permite adicionar fibras, vitaminas e minerais e restringir excessos de sal, açúcar ou gordura, reduzir desperdício e oferecer refeições saudáveis e personalizadas para cada dieta, por que não considerá-la uma ferramenta promissora para repensar a forma de produzir e consumir alimentos?
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Referências
ILSI Brasil. Alimentos ultraprocessados: preocupação real ou medo infundado? - Fernanda Martins. 2020. Disponível em: https://youtu.be/m3FIh9UsB68?feature=shared.
Seidel, F.; Oebel, B.; Stein, L.; Michalke, A.; Gaugler, T. The True Price of External Health Effects from Food Consumption. Nutrients 2023, 15, 3386. https://doi.org/10.3390/nu15153386
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